Existe uma expressão que já ouvi várias vezes em rodas de discussão sobre currículos que se chama “a primeira dobra”. A primeira dobra representa mais ou menos a primeira metade do currículo, se lido de cima pra baixo. Eu conhecia essa expressão do mundo “online”, onde a gente usa o termo primeira dobra pra se referir a tela inicial de uma página na internet, aquele pedaço da tela que você enxerga sem precisar rolar o mouse para baixo.
Pense num portal de notícias, por exemplo. As informações mais importantes, mais relevantes, vão sempre nesta parte da página. É onde batemos o olho e onde passamos a maior parte do tempo. Com um currículo, é a mesma coisa. A esmagadora maioria dos recrutadores não vai ler todo o seu currículo. Ainda mais se ele tiver mais de uma página. Logo, podemos dizer que a parte mais importante do currículo é seu topo!
Outra expressão que ouvi e achei interessante, é o conceito de “triângulo de ouro”. O triângulo de ouro é uma área que se estende a partir do canto superior esquerdo, vai até o canto superior direito e termina alguns centímetros abaixo, novamente no canto esquerdo da folha.
Podemos dizer que o conceito do “triângulo de ouro” é mais radical que o da “primeira dobra”, pois ele não só diz que o foco está na primeira metade, mas também que o foco fica numa área ainda menor, que diminui conforme o recrutador desce os olhos pelo documento.
O fato é que o recrutador perde atenção, foco, ou simplesmente gasta menos tempo na parte inferior do currículo. Ou podemos dizer que ele gasta mais tempo e foco no topo do currículo! Por isso, é fundamental “saudarmos” o recrutador com uma história forte sobre quem somos. Na minha opinião, a melhor forma de fazer isso é usar um sumário executivo.
O sumário executivo é a primeira seção do currículo, logo após os dados básicos. É um resumo bem sucinto do que somos como profissional. Não é uma lista de auto-elogios*. Não é uma lista do que já fizemos. É uma foto tirada de lá de cima que mostra quem somos. Eu sempre aconselho o uso de 4-6 “bullets”, de uma linha cada. Abaixo um exemplo do que pode ser um bom Sumário Executivo:
- 10 anos de experiência em finanças em empresas de grande porte como XXX, YYY e ZZZ
- 8 anos atuando como gestor de equipes nas áreas de crédito, cobrança, contas a pagar e contas a receber
- Sólida experiência na implantação e migração de sistemas para SAP
- Formado em Finanças pela AAA, pós-graduado em Controladoria pela BBB
- Inglês fluente, Espanhol avançado, Português nativo
Pronto. Simples e objetivo. Economizamos toda uma seção para falar de idiomas. Resumimos a experiência do profissional (dá pra ser ainda mais detalhado aqui). Propositalmente incluí uma linha mais técnica, que fala de experiência em migração para SAP. O sumário deve ser adaptado para cada vaga. Ele pode ser usado para deixar claro pro recrutador que você tem aquilo que eles estão buscando. Suponha que essa vaga exija experiência em migração para SAP – Bingo! Está ali, na cara do recrutador. Uma boa dica para montar alguns “bullets” do sumário é ler os “job descriptions” de cada vaga e adaptar o sumário a esses “job descriptions”.
*Auto-elogios: Usar adjetivos para si mesmo no currículo é uma péssima ideia. Dá sono. Sério. E as vezes até raiva. Coisas como “pró ativo, dinâmico, inteligente, criativo, trabalho bem em equipe” e por aí vai, não te ajudam! Você é suspeito para falar de si. E soa arrogante. Mostre essas qualidades com resultados no seu currículo, não com auto-elogios.
Dúvidas? Gostou da dica? Quer ajuda pra revisar seu sumário? Entre em contato com a gente!