Cinco (falsas) razões pelas quais você não está feliz no trabalho

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Por Rejaine Almeida

Muito se ouve dizer sobre insatisfação no ambiente de trabalho, mas quais seriam as causas? Abaixo, listei as 05 frases que mais ouvi ao longo da minha carreira. Algumas de colegas que tive a grata oportunidade de aconselhar.

 1. ” Não tive outra escolha”

A pessoa finalizou o ensino médio e teve que trabalhar na primeira oportunidade que apareceu. Depois de algum tempo, inscreveu-se na faculdade que cabia no orçamento e tinha o processo seletivo mais acessível, pois também não tinha tempo de se preparar. Finalizou o curso, depois de acordar às cinco da manhã e chegar em casa a meia noite e se arrastar entre um período e outro. Chegou o final do curso e ainda está se perguntando onde poderá aplicá-lo. As oportunidades vão surgindo e a vida vai passando, quando ela se dá conta, já se passaram 10 anos e ela não teve tempo de parar para pensar sobre suas escolhas ou sobre a falta delas.

Nem sempre “ir na onda da maré” é a melhor decisão. Esse jargão de aproveitar as oportunidades tem um limite: quais são elas? São compatíveis com meus sonhos? Sei quais são eles? O que realmente espero ser e receber da vida? Tenho um plano para chegar lá? Pare. Reflita! O que é oportunidade para uns, pode não ser para outros. Elas têm que ser compatíveis com objetivos previamente definidos.

 2.  “O problema é a Ana, a Maria, o Alan, o Jorge, o presidente, a faxineira, o motorista do ônibus!”

A pessoa só vê o lado negativo das pessoas. Sim. Todos têm um lado não tão legal assim. Tachar o chefe e os colegas por suas inabilidades e não conseguir perceber que todos têm algo a ensinar, só contribui para tardar nosso aprendizado e evolução profissional. Ou realmente você acredita que só vamos trabalhar com pessoas altamente produtivas, legais, motivadas e parceiras? Saber lidar com a diversidade é uma virtude.

É possível aprender com os diferentes perfis e com as dificuldades alheias. No mínimo, iremos desenvolver boas atitudes e habilidades de gestão de conflitos e de relacionamento interpessoal. Esse é um caminho importante para a instalação de competências essenciais para qualquer profissional. Negociação, trabalho em equipe, influência, comunicação e liderança são competências aprendidas na prática, através de situações controversas. Ou alguém também pensou que era no MBA feito no exterior ou através dos livros dos top influencers? Eles existem para ajudar no conceito, o resto é por conta da prática no dia a dia. Nos diferentes contextos que somos inseridos. O caminho é praticá-las e observar o comportamento dos colegas que lidam bem em diferentes situações e ganham a admiração do time. O que fazem de diferente? Por que se dão bem neste ambiente? Assim selecionamos as melhores práticas para nos inspirarmos nelas.

Entender que podemos aprender até com o “complicado” que senta ao lado, é outra virtude. Quem ele é? Por que é difícil lidar com ele? Como posso contribuir para não permitir que me contamine com seu pessimismo e falta de profissionalismo? Posso ajudá-lo em algo? (esta última é o ápice). Altruísmo é uma qualidade preciosa. Aliás, as pessoas socialmente orientadas (as altruístas por natureza) alcançam grande sucesso em suas carreiras em razão de sua habilidade de comunicação, influência, inspiração e interesse genuíno pelas pessoas.

Enquanto “o inferno forem os outros”, não nos atentaremos para o que de fato falta em nós mesmos. Afinal, “Narciso acha feio tudo que não é espelho”. O que tem de mim nestas relações? Em que posso melhorar? Autoconhecimento é um passaporte para o sucesso.

3. “Meu chefe é incompetente, grosseiro ou está longe de ser um líder”

Certamente ele não está lá por acaso. Alguém o elegeu; ele possui alguma vivência; tem alguma competência (mesmo que não exatamente a que achamos que deveria ter). Respeitar a decisão da empresa na escolha dos seus líderes (independente dos critérios, isso não cabe a você) é mais uma virtude. Preocupar-se com o desenvolvimento dos líderes e o clima organizacional é (ou deveria ser) preocupação para o Head de RH.

Reclamar e dificultar a vida dele, só vai piorar o ambiente de trabalho. Tentar contribuir nos projetos dentro do possível; complementar a equipe nas competências necessárias (você também não está ali por acaso); apresentar boas idéias (mesmo que não sejam aceitas) será bom para o seu próprio desenvolvimento.

No fim, quem ganha é você mesmo. As tentativas e a dedicação para encontrar uma solução nova, mais eficiente e com menor custo, pode não ser algo aproveitado naquele ambiente, mas certamente o ajudará a desenvolver competências como resolução de problemas, inovação e criatividade, que por sua vez, o tornarão um profissional melhor e poderão ser o diferencial para a sua próxima e fantástica oportunidade.

Deixe um pouco sua vaidade de lado e ocupe o seu lugar. Disputas só irão prejudicar ainda mais o clima da equipe. Espere a sua vez. Seguindo o plano e praticando o respeito e a ética, ela chegará! Há um tempo para todas as coisas. Os grandes mestres possuem mais que competência, eles possuem sabedoria!

 4.  “A Empresa não me dá oportunidade de crescimento”

Já procurou saber qual o plano de carreira? Aliás, se há um? O que é necessário para alcançar a posição seguinte ou fazer um cross oportunamente? Não tem! Tudo bem, reclamar novamente não vai ajudar em nada. A experiência nesta organização certamente será imprescindível em qualquer outro lugar. Faça um plano de carreira você mesmo (sim, você é o responsável por isso!), atribua prazos, competências,  como e onde (quais cursos, quais experiências) serão necessários para isso. Aqui vale pedir ajuda. Sempre há pessoas da nossa confiança, no nosso networking que podem dar um feedback, contribuir com alguma sugestão. Pergunte, troque idéias, tenha um foco. E claro, reserve o investimento necessário para fazer o curso de Inglês, outra pós-graduação, cursos complementares, etc. Pergunte-se: Por que trabalho neste lugar? Pretendo continuar? Por quê? Por que não? Até quando? O que levarei de melhor daqui para o meu aprendizado?

Próximo passo: Pensar sobre as empresas que gostaria de integrar e pesquisar como é trabalhar lá; quem eles buscam e como se desenvolver e se candidatar quando houver oportunidades compatíveis. Enfim, é possível selecionar algumas empresas e ter como meta pertencer a elas, ao invés de ficar o resto da vida acomodado ou sendo escolhido por falta de atitude (e ainda culpar a atual empresa por isso).

Vejo muita gente queixosa em relação às suas situações atuais, mas querem ter tudo em tempo real. Não abrem mão de nada, não possuem planejamento financeiro e nunca saem do lugar. Para chegar onde se almeja, é necessário priorizar, abrir mão, privar-se! Entenda: tudo é uma questão de foco, de planejamento. Agora, se continuar olhando o carro do vizinho, a prima no Facebook e a blogueira famosa, fica um pouco mais difícil. Cada um está em um momento. Viva a sua realidade. Foque nos seus planos, nos seus sonhos, na sua vida. Vai valer à pena!

 5.  “Meu salário é ruim”

Quando você ingressou na empresa, o que buscava? Aceitou esta remuneração na intenção de receber aumentos gradativos e crescer, certo? Mas isso não aconteceu.

Você se adaptou bem? Conhece suas metas? Suas entregas são satisfatórias? Contribui para o crescimento da equipe e da organização? Já conversou com seu chefe sobre seus objetivos de carreira e se há oportunidades compatíveis? Fez um alinhamento de expectativas e recebeu feedbacks positivos. Sim, tudo isso é necessário antes de pensar em crescimento. Vi pessoas se queixarem de tudo e ficarem anos na mesma posição, mas não faziam idéia do quanto estavam longe também dos resultados que a empresa esperava. Era só esforço, mas esforço não é resultado. Ninguém antes teve coragem de falar isso a elas. Nem o próprio chefe, claro.

Mas se tudo isso foi feito e ainda assim não foi suficiente para receber o tão esperado aumento de salário, é hora de voltar para a construção daquele plano individual e entender o que ainda há para aprender, contribuir, desenvolver nesta experiência e atribuir um prazo para uma transição oportuna. Mais uma vez, seguindo o plano com disciplina, ela surgirá naturalmente.

Se você de fato é um talento e a organização não conseguiu fazer a retenção por meio das estratégias aplicáveis (que certamente estão longe de estarem ligadas somente ao pacote de remuneração, mas passam por desenvolvimento, desafios, aprendizado, crescimento profissional, reconhecimento, dentre outras inúmeras variáveis), certamente este é um problema que ela deverá se preocupar em breve. Aliás, o aumento das demissões voluntárias por motivo de melhores salários e o clima organizacional alterado pela mesma razão já deveriam ser razões suficientes para a criação dos planos de retenção. Mas esse problema não é seu!

Sobre o plano de cargos e salários, este passa por questões muito mais complexas que vão da definição da estratégia de remuneração até a que mercado a empresa quer se comparar; se há margem para competir nos parâmetros definidos e como chegar lá. Há impostos envolvidos, metas acordadas com o acionista e impacto na rentabilidade. Este é um imperativo estratégico para a gestão de pessoas. Deixe este assunto para o Head de RH e para o CFO.

Por fim, extraia o melhor desta vivência. Há empresas que ainda não conseguem competir em salários pelas razões expostas acima (e estão cientes disso), mas possuem ambiente altamente favorável ao aprendizado. Toda experiência é muito bem vinda e quando vivida com equilíbrio, inteligência, bom senso, ética e integridade, abre muitas portas.

Era o tempo em que se iniciava em uma empresa e se aposentava nela. Ao contrário, bagagem profissional na atualidade é feita de experiências diferenciadas; com participação em projetos relevantes e com resultados significativos para si mesmo, para a equipe, para a empresa, para os clientes e para a sociedade. Defender uma causa e fazer parte de um propósito marcante: é isso que nos nos move e traz por consequência o tão sonhado crescimento na carreira. Este é um caminho que depende muito mais de você do que da empresa que o selecionou porque, diga-se de passagem, você se inscreveu e afirmou desejar fazer parte dela, mas ninguém jurou amor eterno e nem disse que seria para sempre.

A vida é feita de passagens e cabe a cada um de nós dar e deixar o nosso melhor, sem olhar as circunstâncias.

Vou finalizar citando ensinamentos de dois grandes mestres que tive o prazer de trabalhar:

Carlos Pessoa, querido diretor e professor da FDC, me disse um dia que “pessoas são como estrelas: elas mudam de lugar”. Neste caso, só cabe a cada um de nós saber de onde viemos, para onde vamos e por quanto tempo desejamos permanecer em cada etapa. Que seja o suficiente para fazermos alguém melhor e partirmos melhores também.

Professor Emerson de Almeida, naquela época presidente da FDC, repetia a seguinte passagem (não lembro o autor) em seus speeches.  “Haviam dois pedreiros na mesma construção. Passei e perguntei para um deles o que estava fazendo e ele respondeu: estou levantando uma parede. Passei e fiz a mesma pergunta ao outro logo ao lado e ele me respondeu: estou construindo uma Catedral. Qual você pensa que abandonaria a obra por mais cem reais de salário ou por qualquer outra razão?

 E você? Está levantando uma parede ou fazendo parte de uma obra memorável? Por acaso não seria esta a verdadeira razão pela qual você não está tão feliz quanto gostaria?

Qual o valor do seu trabalho? Ele existe para fazer a diferença para alguém no mundo? Onde você quer chegar? O que tem feito para isso? Para quê você se levanta todos os dias?

As respostas não estão nas linhas acima, na empresa, no chefe, nos colegas, senão dentro de você mesmo.

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Fernando Schneider

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