Meu dia começou as 7 da manhã, quando cheguei no ponto de ônibus, atrasado, descendo as escadas da estação. Desci de frente para o motorista, parado na plataforma e dentro do veículo que eu deveria pegar. Desci acenando e pedindo pra que ele me esperasse. Eu estava bem perto. Ele olhou pra mim, acelerou o ônibus e saiu. Xinguei o motorista mentalmente. 15 minutos depois, chegou o outro ônibus, entrei, fim da história.
De tarde, cheguei atrasado no ponto de ônibus novamente. O motorista já tinha saído com o veículo quando, pelo retrovisor, me viu descer correndo as escadas que levam ao ponto. Ele voltou a encostar o ônibus na guia e parou novamente. Quem anda por Seattle sabe que isso não acontece. Entrei, agradeci e estava indo me sentar quando ele me chamou:
– Você me faria um favor hoje?
– Claro!
– Você faria algo de bom para alguém completamente estranho hoje, como acabei de fazer por você?
– Claro!
Ele então fechou o punho e estendeu pra mim. Dei aquele ?soquinho? de amigos.
Achei demais. Prometi que o faria. E decidi compartilhar com ele que estava completando a primeira semana de um projeto (www.projetojoule.com) para ajudar pessoas ? completamente estranhas?. Ele perguntou como funcionava o projeto e eu contei, conversamos por um tempo. Ele disse:
– Que legal, você está dando às pessoas algo que elas precisam: esperança!
Disse a ele que admirava muito mais aquilo que ele tinha feito e que ele estava fazendo do mundo um lugar melhor. E ele me respondeu:
– Eu quero mudar o mundo. Mas uma pessoa de cada vez!
Sentei e imediatamente compartilhei a história (a positiva) com meus amigos no Facebook. Só de noite me dei conta que ambas as experiências tinham se dado no mesmo dia. Então comecei a pensar no impacto que um simples gesto fez na minha rede de relacionamentos. Dezenas de pessoas leram e curtiram a história. Outras centenas devem ter dado um ?like? mental.
A minha experiência das 7 da manhã, eu esqueci. Apesar de não ter ficado profundamente magoado (depois de 15 minutos eu já nem o odiava tanto assim), o motorista da manhã passou pela minha vida deixando uma impressão negativa que se tornou nula. O motorista da tarde, eu não vou esquecer tão cedo! E talvez mais uma centena de pessoas que leram meu relato. E talvez mais outras centenas de pessoas que ele impacte todos os dias.
Duas pessoas, a mesma profissão, os mesmos skills, provavelmente os mesmos salários. A mesma jornada de trabalho. Os mesmos chefes e empregadores. Talvez até os mesmos horários e mesmas rotas. Habilidades iguais. Comportamentos e atitudes completamente diferentes!
Um semeia o bem.
O outro, se não semeia sentimentos negativos (não sejamos tão cruéis), certamente passa despercebido.
Que tipo de motorista nós estamos sendo hoje?
?Dois homens olharam através das grades da prisão; um viu a lama, o outro as estrelas.?
– Santo Agostinho
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